Para ouvir a homilia do Padre Paulo Ricardo, “O Pastor dá de comer a suas ovelhas”, clicar AQUI. O Evangelho hoje narra o milagre da multiplicação dos pães. Trata-se do primeiro trecho do capítulo 6 do Evangelho de São João, em cujo texto Jesus é apresentado como o pastor do Salmo 22, que não deixará faltar nada a suas ovelhas. A partir dessa chave de leitura, Padre Paulo Ricardo conduz esta meditação para reconhecermos a Cristo como o Salvador que, diante de nossos “cinco pães e dois peixes”, faz a sua graça multiplicar-se e completa a nossa obra imperfeita.
PRIMEIRA LEITURA DA MISSA (2Reis 4, 42-44)
Comerão e ainda sobrará
Naqueles dias, veio também um homem de Baal-Salisa, trazendo em seu alforje para Eliseu, o homem de Deus, pães dos primeiros frutos da terra: eram vinte pães de cevada e trigo novo. E Eliseu disse: “Dá ao povo para que coma”.
Mas o seu servo respondeu: “Como vou distribuir tão pouco para cem pessoas?” Eliseu disse outra vez: “Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’”.
O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor.
SALMO 144
O único Pão que sacia
(Antífona): Saciai os vossos filhos, ó Senhor!
Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino/ e saibam proclamar vosso poder!
Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam e vós lhes dais no tempo certo o alimento; vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura.
É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.
SEGUNDA LEITURA DA MISSA (Efésios 4 ,1-6)
Igreja: um só corpo com o Senhor
Irmãos: Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes; com toda a humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor.
Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados.
Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos.
EVANGELHO (São João 6, 1-15)
O Pastor que Se dá como alimento a suas ovelhas
Naquele tempo, Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades.
Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
Levantando os olhos e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer.
Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”.
Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?”
Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens.
Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes.
Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!”
Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”.
Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.
O PÃO QUE SOBROU (Comentário de Scott Hahn)
A liturgia de hoje apresenta várias referências às quais o Antigo Testamento aludia para revelar Jesus como o Messias e Rei, como o Senhor que vem para alimentar o seu povo.
Observemos o paralelismo que existe entre o evangelho de hoje e a primeira leitura. Jesus, como Eliseu, está diante de um grupo de pessoas famintas, com apenas alguns pães de cevada; é evidente a impossibilidade de satisfazer tantas pessoas com tão pouco.
Além disso, nas duas leituras, a multiplicação do pão não apenas satisfaz as pessoas, mas também deixa sobras.
Por sua vez, a história de Eliseu nos faz lembrar de Moisés, o profeta que deu de comer ao povo de Deus no deserto (v. Ex 16). Moisés profetizou que Deus iria enviar um profeta como ele (v. Dt 18, 15-19). A multidão, que testemunha no evangelho de hoje a multiplicação dos pães, identifica Jesus como aquele profeta anunciado.
O Evangelho deste domingo nos mostra Jesus como Senhor, o Bom Pastor que faz o seu povo repousar nas verdes pastagens, preparando para ele um banquete (v. S 23, 1.5).
O milagre de alimentar a multidão é um sinal de que Deus começou a cumprir sua promessa, algo do qual também fala o Salmo de hoje, quando diz: “e vós lhes dais no tempo certo o alimento” (S 144, 15; v. S 81, 17).
No entanto, Jesus chama nossa atenção para o cumprimento definitivo dessa promessa na Eucaristia. Faz os mesmos gestos que fez na Última Ceia: toma os pães, pronuncia uma bênção de ação de graças (o significado literal da palavra grega eucaristia é ação de graças) e dá o pão para o povo (v. Mt 26, 26). Note-se que, no final, sobram doze cestos de pão: um para cada apóstolo.
Estes sinais devem nos levar à Eucaristia, pela qual a Igreja, fundada sobre os apóstolos, continua a nutrir-nos com o pão vivo do seu Corpo.
Na Eucaristia, nos tornamos um só corpo com o Senhor, como ouvimos na epístola de hoje. Disponhamo-nos, portanto, a levar uma vida de acordo com tão digna vocação.